Sem poder sair de casa por causa da pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas tiveram que parar de trabalhar e ficaram sem renda.
Alguns moradores de grandes condomínios do Rio de Janeiro resolveram fazer do limão uma limonada: iniciaram a venda de alimentos no próprio prédio, entregando os pedidos direto na porta dos vizinhos.
A representante comercial Lívia Cunha de Oliveira, de 38 anos, por exemplo, que já entregava quentinhas à noite em seu condomínio, no bairro Del Castilho, na Zona Norte, para ter uma renda extra, estendeu o horário para o almoço e viu o faturamento aumentar aproximadamente 30%. Dentre as opções disponíveis estão: sopa, cachorro-quente, estrogonofe e massas.
— Acho que as pessoas não estão querendo mesmo sair de casa, ainda mais com a comodidade de receber a refeição pronta e quentinha. Além disso, sempre tento agradar aos clientes, mandando uma bala ou um recadinho — conta.
A confeiteira Suzana Barreto, de 31 anos, que costumava fazer bolos de festa, resolveu preparar bolos de pote para saciar a vontade de doce dos vizinhos, confinados no seu prédio em Vista Alegre, também na Zona Norte do Rio. As vendas são feitas por meio de um grupo de mensagens dos moradores.
— Em três semanas, vendi cem unidades do bolo de pote, cobrando R$ 6 cada um. Estou até pensando em começar a vender empadinhas também — brincou.
O empreendedor Pedro Cabral, de 32 anos, já investe no comércio de condomínio há algum tempo: cinco anos atrás, ele criou um bar de piscina no local onde morava. Diante do sucesso, resolveu ampliar o negócio e levar para outros prédios. Alugou espaço dentro de um complexo de moradores no Recreio dos Bandeirantes e abriu duas lojas — uma que funciona como restaurante e outra, como padaria e mercearia. Apesar da necessidade de adaptar as vendas durante a pandemia, o comerciante continua tendo lucro:
— Só fazemos delivery agora e, por isso, tive que contratar mais entregadores. No restaurante, tivemos queda no faturamento de aproximadamente 40%. No entanto, as vendas da padaria dobraram. Por isso, resolvi ampliar o modelo de negócio mesmo durante a quarentena.
Pedro abriu, então, uma espécie de loja de conveniência em outro condomínio, também no Recreio, usando contêineres. Os pedidos são feitos pelos moradores por meio de mensagens de aplicativo ou pelo próprio interforne.
— Agora, mais do que nunca, há necessidade de ter esse tipo de serviço por perto. No início, eu tinha três funcionários. Hoje, tenho 24, incluindo cozinheiros, caixas, estoquistas e entregadores — contabiliza.
Fonte: Extra